DISTURBIOS MENSTRUAIS

Desde a antiguidade, o aparecimento de menstruações em correlação com as fases da lua inspirou nomes que indicam periodicidade mensal. Médicos antigos viam a menstruação como um processo de desintoxicação e, através da história, mitos e atitudes em relação à menstruação mantiveram vivas conotações negativas que variam do mágico ao perigo e ao veneno.

O profissional da saúde tem a obrigação de promover a educação menstrual e sermos sensíveis à necessidade de apresentar uma atitude positiva no que se refere a funções sexuais e reprodutivas, além de um entendimento orientado desses eventos normais é um mecanismo poderoso para tratar dos desconfortos e distúrbios menstruais.

SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL

Aparecimento cíclico de um ou vários sintomas de uma constelação de sintomas, mais de 100, logo antes da menstruação, em grau suficiente para interferir na qualidade de vida da paciente ou com seu trabalho, seguidos de períodos completamente assintomáticos. Sendo os sintomas mais comuns: distensão abdominal, ansiedade, crises de choro, depressão, cansaço, irritabilidade, sede, alterações do apetite e edema de MMII, eles têm início na fase lútea e desaparecem com a menstruação. Um aumento de pelo menos 30% na severidade dos sintomas nos 5 dias que antecedem a menstruação, comparados com os 5 dias que se seguem da menstruação, é considerado Síndrome pré-menstrual.

Com isso, pode-se concluir que pelo menos 5% das mulheres em idade reprodutiva podem apresentar TPM, mas pelo menos 40% das mulheres referem problemas relacionados ao seu ciclo, dessas 2-10% apresentam repercussão na sua qualidade de vida e profissional.

TPM é decorrente a uma patologia individual ou a fatores culturais, crenças que levam o ciclo menstrual a estar associado a uma variedade de reações negativas ou à combinação de ambos? Existe uma correlação significativa entre sintomas menstruais entre mãe e filha, e entre irmãs, sugerindo que essas são respostas que podem ser aprendidas. Através da nossa história, nós encontramos evidências de tabus relacionados à menstruação. Como seria se nossa sociedades e culturas houvessem celebrado as menstruações como um período de prazer, ao invés de algo privado e negativo? Teríamos TPM hoje? A resposta deve estar na determinação do papel das nossas crenças sobre menstruação, compartilhadas na sociedade, muito mais que o funcionamento dessas crenças em nível de indivíduo.

Reconhece-se que R.T. Frank, um ginecologista americano, primeiro definiu a síndrome em 1931. Sua descrição ainda se posiciona como uma afirmação vívida e pitoresca: O grupo de mulheres às quais eu me refiro especialmente queixam-se de um sentimento de grande tensão nos 10 a 7 dias que precedem a menstruação, e que, na maioria das vezes, continua até o momento que o fluxo menstrual ocorre. As pacientes queixam-se de fadiga, irritabilidade, vontade de pular para fora da própria pele e desejo de encontrar alívio através de ações consideradas bobas ou más. Seu sofrimento pessoal é intenso e se manifesta em muitas ações imprudentes, e muitas vezes, repreensíveis. Não somente elas se dão conta do próprio sofrimento, mas também se sentem com a consciência pesada em relação a seus maridos e familiares, sabendo bem que são insuportáveis em suas atitudes e reações. Dentro de uma hora ou duas após a instalação do fluxo menstrual, ocorre alívio completo da tensão física e mental.”

TRATAMENTO

Primeiro passo é estar convencido de que esse problema é cíclico, sendo o único instrumento diagnóstico até o momento o calendário menstrual, com pelo menos 3 meses de observação, somada à outros observadores da família, sendo necessário documentar o problema na fase lútea do ciclo e interferindo no trabalho e na qualidade de vida, seguido de período inteiramente livre de sintomas.

A TPM é basicamente psicológica em origem, mas vinculada ao ciclo menstrual, tanto biologicamente, psicologicamente ou sociologicamente, as alterações hormonais não são fator etiológico, mas podem promover diversas suscetibilidades na mudança de humor ou desestabilização do humor. É necessário um suporte psicológico fundamentado na necessidade de envolvimento de responsabilizar-se pela sua vida.

Qualquer mudança que exerça maior controle sobre sua vida impactará em situações positivas, como mudança de dieta, exercícios, trabalho e recreação.

Pode-se tentar isolar o sintoma específico e tratar os sintomas específicos com terapêutica medicamentosa específica, caso haja dificuldade em se isolar um mecanismo, sugere-se que possa representar uma gama de manifestações psicológicas desencadeadas por alterações hormonais fisiológicas e normais. Podendo ser um processo fisiológico por natureza, ou psicossocial com raízes profundas em nossa cultura.

Escrito Por Dr. Alexandre Sasaoka ( Ginecolista e Obstreta) 
 www.clinicagesta.com.br
@clinicagestaitaim e @dralesasaoka

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